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Pesquisa sobre qualidade do ar mostrou que índice de poluição no Centro de Curitiba e no Jardim das Américas é muito próximo

Adriane Rado     18 de novembro de 2016 - 12h48

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Medições da qualidade do ar desenvolvidas por pesquisadores da UFPR, em Curitiba, mostram uma quantidade de partículas inaláveis muito próximas em dois pontos diferentes da cidade, um cercado por prédios na região central (Avenida Marechal Deodoro esquina com a Travessa da Lapa) e outro no Centro Politécnico da UFPR, no bairro Jardim das Américas. Apesar de se tratar de área aberta com mais facilidade de dissipação dos elementos poluentes, o Campus fica entre duas vias de fluxo intenso de tráfego, a BR 277 e a Linha Verde, antiga BR 476.

As medições realizadas durante um mês, de 25 de julho a 25 de agosto deste ano, período do ano propício à maior concentração de poluentes na cidade. As análises mostraram que o material particulado na Marechal Deodoro, no nível da rua, foi de 7,7 a 30 g/m3 (micrograma por metro cúbico) de partículas finas (MP2.5) e reduziu para 7,2 a 17 g/m3 de material particulado no terraço de um prédio de 22 andares (mais de 60m de altura). Já no Centro Politécnico, a medição variou de 12 a 31 g/m3 de material particulado, o que praticamente iguala o nível de poluição, segundo a pesquisadora Gabriela Polezer, doutoranda no PIPE – Programa de Pós-graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UFPR.

Gabriela acredita que índices semelhantes devem se repetir em outros pontos de Curitiba e confessa que ficou surpresa com a poluição verificada na Avenida Marechal Deodoro. A expectativa inicial era que os índices seriam relativamente maiores, já que alguns pontos da Marechal Deodoro são associados com um padrão de cânion urbano concentrador de poluentes. Mas, isso não significa que a qualidade do ar de Curitiba não seja preocupante. Cientificamente é possível observar, com esses níveis, o aparecimento de alergias, rinites, tosse e aumento da pressão cardíaca que pode levar a problemas cardíacos.

professor Ricardo Godoi apresentando os resultados da pesquisa. Foto: UFPR

professor Ricardo Godoi apresentando os resultados da pesquisa. Foto: UFPR

ESTUDO INTERNACIONAL – A pesquisa está sendo desenvolvida numa parceria entre várias instituições. Na UFPR, integram o projeto os pesquisadores do Laboratório de Análise da Qualidade do Ar – Lab-Air – e do Laboratório de Climatologia – LABOCLIMA) através de um programa de cooperação bilateral Brasil-Suécia, denominado ParCur (Programa de Qualidade do Ar de Curitiba – Emissões de Material Particulado e Fuligem e seu Impacto na Qualidade do Ar da Região Metropolitana de Curitiba-Paraná), com duração prevista até o final de 2017. Além da UFPR, a UTFPR, Universidade Positivo, Município de Curitiba (SEPLAD, SMMA, URBS, SETRAN, IPPUC, SMAM, SMS, ARIN) e o Instituto Ambiental do Paraná – IAP também fazem parte do programa.

Representando a Suécia, integra o projeto o professor Lars Gidhagen, responsável pelo Departamento de Investigação em Qualidade do Ar do Instituto Meteorológico e Hidrográfico da Suécia (SMHI) do Ministério do Ambiente e Energia. O instituto que ele coordena tem grande experiência em estudos sobre a qualidade do ar, tendo desenvolvido um modelo de dispersão dos poluentes. Assim, o SMHI está auxiliando o estudo de inventário de emissões de poluentes atmosféricos baseados nos resultados obtidos nas amostragens de material particulado, condições meteorológicas, informações do IAP sobre as indústrias de Curitiba e Região Metropolitana, frota de carros, entre outros dados. A parte brasileira do projeto é coordenada pelo professor Francisco Mendonça (UFPR/LABOCLIMA).

professor sueco falando sobre as pesquisas no Seminário. Foto: Ricardo Godoi

professor sueco falando sobre as pesquisas no Seminário. Foto: Ricardo Godoi

Os resultados relacionados ao poluente MP2.5 foram apresentados pelo professor, Ricardo Godoi, do Departamento de Engenharia Ambiental da UFPR, durante uma reunião com todos os pesquisadores integrantes do programa e representantes da Prefeitura de Curitiba. A situação de outros poluentes e sua relação com a dinâmica atmosférica e uso do solo / funções urbanas, provenientes tanto de medições fixas quanto móveis em diferentes localidades da cidade de Curitiba, foi apresentada por outros pesquisadores. Um novo encontro será realizado em dezembro. Além de medir a poluição nos dois pontos de Curitiba, os pesquisadores fizeram um comparativo com outras cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Manaus, que obtiveram, em geral, índices superiores de poluição aos verificados na capital paranaense.

O objetivo do projeto, além de realizar um diagnóstico da qualidade do ar é propor alternativas de planejamento urbano que possam reduzir os níveis de poluição ambiental. Agora na sequência dos estudos os pesquisadores irão verificar como esse material particulado se dissipa, o tempo que leva e se o mesmo impacta na qualidade de vida da população. A qualidade do ar de Curitiba encontra-se relativamente boa, mas o grande desafio é sua manutenção, ou melhoria futura, tendo em vista a intensificação da urbanização de nossa cidade, de acordo com os pesquisadores.

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